São Luís quer ser reconhecida como “capital nacional do Bumba Meu Boi”

A Comissão de Educação, Cultura e Esporte da Câmara dos Deputados aprovou no final do mês passado um projeto de lei que estipula São Luís, no Maranhão, como a “capital nacional do Bumba Meu Boi”. Agora, o documento vai à votação no Plenário da casa antes de seguir para sanção do presidente Jair Bolsonaro.

Considerado Patrimônio Cultural do Brasil desde 2011, o Bumba Meu Boi, expressão emblemática do estado, envolve elementos como a brincadeira, a música, a dança e as artes cênica e plástica. O enredo da dança conta a história de um escravo, Pai Francisco, que precisa saciar o desejo de sua esposa grávida – comer uma língua de boi. Para isso, ele mata o boi do senhor da fazenda. Com a morte do animal, curandeiras e pajés são convocados para ressuscitá-lo, e assim que o boi volta à vida a comunidade festeja.

“Eu tenho certeza absoluta de que, pela beleza, por tudo que o boi representa, é uma manifestação que é a cara do Brasil, um país tão diverso”, disse a presidente do Iphan, Kátia Bogea, na ocasião do envio da proposta de transformar o Bumba Meu Boi em Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO, no ano passado.

Somente no Maranhão, o Bumba Meu Boi é difundido por mais de 400 grupos em 79 municípios e possui cinco estilos principais conhecidos como sotaques: Matraca, Orquestra, Zabumba, Baixada e Costa-de-mão. Em São Luís, segundo o projeto de lei, existem mais de 100 grupos da dança tradicional.

Foto: Divulgação | São Luís, Maranhão

A administração turística da cidade admite que a maior parte das passagens aéreas vendidas com destino à capital para fins turísticos  tem relação com o folclore e com os Lençóis Maranhenses.

“Você poderia fazer milhões de recortes no boi. O boi de Orquestra não tem nada a ver com o de Matraca, que não tem nada a ver com o Costa-de-mão. É uma diversidade tão grande, não só de coreografias, de musicalidade, religiosidade – tem os bois dos encantados, tem o boi ligado aos terreiros, tem o ligado à religião católica, o dos festejos de Minas Gerais. O boi é batizado, depois morre, ressuscita. O ano inteiro, esse ciclo do boi, que é a própria vida da gente”, afirmou Kátia.

Segundo Kátia, que é historiadora, maranhense e funcionária do instituto há 38 anos, para o povo de seu estado natal, o boi “é uma questão muito séria, que traduz a própria vivência das pessoas”. “A gente fala até em sociologia do boi, antropologia do boi”, finaliza.

Em abril do ano passado, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) entregou ao Ministério das Relações Exteriores a candidatura do Bumba Meu Boi para concorrer ao novo título mundial, que é conferido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. O Brasil já possui quatro distinções desse tipo: a Arte Kusiwa – Pintura Corporal e Arte Gráfica Wajãpi (2003), o Samba de Roda no Recôncavo Baiano (2005), o Frevo: expressão artística do Carnaval de Recife (2012), o Círio de Nossa Senhora de Nazaré (2013) e a Roda de Capoeira (2014).

Fonte: Portalodia.com

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