Órgãos das Forças de Segurança do Estado se reuniram nesta terça-feira (18) para elaborar um protocolo de desastre em massa específico para o Piauí. O Estado, assim como boa parte das unidades federativas brasileiras, ainda não possui um planejamento próprio de ações coordenadas para grandes desastres e acidentes. Em todo o país, somente o Pará já elaborou um plano de atuação. Atualmente, o protocolo para desastres em massa é regido pela Interpol.
O protocolo que está sendo planejado para o Piauí consiste em duas linhas de atuação. A primeira delas é a definição de atribuições de acordo com a competência de cada órgão (Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Samu atuando no socorro imediato; Polícia Civil, por meio do Instituto de Criminalística, atuando na identificação de vítimas; Poder Judiciário fiscalizando as ações e aplicando as medidas legais).
Reuniu contou com a participação de representantes dos órgãos que compõem a Segurança Pública do Estado – Foto: Assis Fernandes/O Dia
A segunda frente de atuação é o treinamento das forças de segurança e isso inclui a simulação de um desastre em massa, envolvendo o trabalho do efetivo destacado para atuar nestes casos. Esta simulação já foi feita por outros estados brasileiros, como Bahia e Sergipe. No Piauí ainda não há data para que isto aconteça, mas a previsão é que o estado convide o Maranhão para participar da ação e desenvolvê-la em conjunto.
Foi o que explicou a perita do Instituto de Criminalística do Piauí, Rosimere Amaral, que trabalhou em Brumadinho, junto ao IML de Belo Horizonte na identificação dos corpos das vítimas do rompimento da barragem. Em conversa com a reportagem, ela explica que desastre em massa é todo evento que repentinamente causa mortes, com uma quantidade que supere a capacidade estrutural do Instituto Médico Legal (IML) local.
Rosimere Amaral trabalhou junto ao IML de Belo Horizonte, ajudando na identificação das vítimas de Brumadinho – Foto: Assis Fernandes/O Dia
“Aqui no Piauí, um acidente que tenha mais de 20 vítimas, por exemplo, já pode ser considerado um desastre em massa”, disse. A perita fez ainda uma crítica: “Nós temos vivido uma política no país de ‘quando’ ocorrer, porém o correto deveria ser o ‘se’ ocorrer. E é isto que estamos tentando mudar, implantando o protocolo aqui no Piauí”, afirma.
Esses desastres não precisam nem necessariamente ter grande quantidade de vítimas, segundo o perito Antônio Nunes, diretor do IML do Piauí. De acordo com ele, um desastre ambiental que demande mais do que a capacidade técnica e operacional que a Polícia Científica e dos demais órgãos da segurança possuem já pode ser considerado como um desastre em massa, por exemplo.
“Quedas de avião, tiroteio em escolas, como o que vimos na semana passada, são exemplos deste tipo de ocorrência e nessas horas os órgãos competentes precisam estar afinados”, explicou Antônio Nunes.
Antônio Nunes é perito e diretor do Instituto de Criminalística do Piauí – Foto: Assis Fernandes/O Dia
O IML do Piauí já possui a estrutura necessária para fazer trabalho semelhante ao que vem sendo feito no IML de Belo Horizonte, com a identificação dos corpos. Teresina conta com 25 peritos criminais e em abril o Estado deverá ganhar o Instituto de DNA Forense para fazer análise de materiais genéticos sem precisar enviar amostrar para outros Estados. Quatro peritos especialistas em genética atuarão no instituto.
Fonte: Portalodia.com / Geici Mello e Maria Clara Estrêla