O promotor de justiça Francisco de Jesus Lima, do Núcleo de Promotorias de Justiça de Defesa da Mulher Vítima de Violência Doméstica e Familiar (Nupevid), foi denunciado por agredir verbalmente e ameaçar a ex-namorada. O juiz Antônio Oliveira, da 1ª Vara da Comarca de Piripiri, aplicou medidas protetivas para que ele se afaste da jovem.
A assistente social Cristina Santos Freitas fez o registro de um boletim de ocorrência na Delegacia de Proteção à Mulher da cidade de Piripiri alegando que vinha sendo ameaçada e agredida verbalmente pelo promotor. O 180 teve acesso ao boletim, onde ela afirma que teve um relacionamento com ele que durou cerca de dois anos e meio.
Registro da ocorrência
A jovem de 27 anos, e ele o dobro da idade, registrou na ocorrência que o relacionamento sempre foi conturbado, com vários términos, porque ele teria casos amorosos com outras mulheres. Cristiane disse que em maio decidiu terminar de vez, porque estava grávida de outra pessoa e desde então passou a ser ‘perseguida’.
Em seu relato, a jovem disse que o promotor voltou a falar com ela para tratar de um seguro do carro dela que ele pagaria, mas que pediu que fosse cancelado, pois a assistente social não queria mais contato com Francisco de Jesus.
Encontro e ameaças
Os dois chegaram a se encontrar e, segundo ela, ele insistia na volta do namoro, com promessa de casamento, mas ao mesmo tempo, dava ataques de ciúmes, como pegar seu celular e mandar mensagens para o pai do filho que ela espera.
Ela relata também que foi levada por ele para sua casa em Teresina, sendo proibida de sair, episódio em que um áudio dela foi enviado para um grupo de promotores, com o objetivo de desmoralizá-la.
O 180 também teve acesso a vários prints que ela anexou às denúncias, que mostram que ele insistia no relacionamento mesmo após o registro da denúncia.
Decisão do juiz
O juiz determinou as seguintes medidas protetivas:
1. Afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;
2 . Proibição das seguintes condutas:
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas,fixando o limite
mínimo de distância entre estes e o agressor em 500 (quinhentos)metros;
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação;
O magistrado determinou a intimação do requerido para cumprir a liminar imediatamente, sob pena de conversão das medidas protetivas em prisão. O promotor fica advertido, ainda, que o descumprimento de quaisquer das medidas acima fixadas, poderá ensejar na caracterização do crime previsto na Lei Maria da Penha.
Promotor comenta o caso
Ao 180, o promotor Francisco de Jesus Lima negou as acusações e disse que tudo isso é fruto de uma insatisfação dela com o fim do relacionamento.
“Nego como tenho certeza que isso não aconteceu. É uma mera insatisfação. Vou fazer minha defesa tecnicamente. Em razão disso pedi o afastamento das minhas atribuições, não poderia fazer diferente, é incompatível com o trabalho que exerço há 12 anos, em defesa da mulher. Estou com a mente tranquilíssima”, afirmou.
O promotor alega ainda que ao seu ver, esta é uma forma de denegrir o seu trabalho reconhecido e que sempre defendeu que qualquer mulher que se sentisse atingida procurasse ajuda.
“É uma desnecessidade, fui casado, tenho filhas, não ia recusar terminar um relacionamento e macular a minha imagem”, completou.
Questionado sobre os prints anexados às denúncias, em que ele insistia para voltar com a jovem, o promotor afirma que houve tentativas dos dois lados, e que há prints também em que ela insiste para voltar com ele.
“Não vou ser hipócrita e dizer que não tentei, assim como ela tentou. Essa denúncia partiu de uma insatisfação dela, estou tranquilo”, conclui o promotor que disse que recentemente esteve com ela em sua casa, que inclusive participaram de eventos e que não vai se negar a prestar os esclarecimentos necessários. Ele afirmou que lamenta a exposição da mulher na imprensa, pois sempre lutou para que esse processos ocorressem sob sigilo.
O 180 tentou contato com Cristina, mas não obteve retorno.
Fonte: 180Graus