Os trabalhos contam com a participação de alunos do curso de Engenharia Florestal e Agronomia do Campus de Bom Jesus.
O manejo florestal sustentável é o conjunto de técnicas e gestões que visam benefícios econômicos, sociais e ambientais, que permitem atividades, como a extração de recursos naturais, garantindo a conservação e o desenvolvimento da área manejada. De acordo com dados do Fundo Amazônia, o Brasil é composto por aproximadamente 524 milhões de hectares (cerca de 61,5% do seu território) de florestas naturais e plantadas. Com isso em mente, o professor do Curso de Engenharia Florestal do Campus Professora Cinobelina Elvas da Universidade Federal do Piauí (CPCE/UFPI), Rodolfo Molinário de Souza, desenvolve a pesquisa “Regeneração natural e seus efeitos sobre a diversidade ecológica em uma área de caatinga submetida a um plano de manejo florestal sustentável”, que busca analisar a dinâmica de comunidades de insetos.
Os planos florestais sustentáveis não são aplicados apenas em florestas de grande porte como a Amazônica e a Mata Atlântica, a Caatinga, definida como um tipo de floresta de porte baixo, também se beneficia de ações como essa. A área utilizada durante as pesquisas é uma região arbórea, dividida entre preservada e liberada para manejo.
As pesquisas promovidas contam com a participação de alunos do curso de Engenharia Florestal e Agronomia do Campus de Bom Jesus da UFPI.
De acordo com o professor Rodolfo Molinário, as pesquisas têm como objetivo analisar a comunidade de insetos local dentro de áreas florestais já exploradas, onde armadilhas terrestres são postas nas áreas nativas e preservadas (Reserva Legal), e também nas áreas que já sofreram ação do homem. Os resultados da pesquisa apontam que as ações do homem fazem com que haja mudança nas comunidades, e certas espécies de formigas se tornam predominantes.
“Nós colocamos armadilhas nas áreas nativas e na área que foi feito o corte seletivo, que está sobre o plano de manejo florestal. Assim, nós vamos acompanhando essas comunidades à medida que a vegetação local vai se regenerando, para nós vermos em quanto tempo a comunidade de formigas se equipara à comunidade da vegetação nativa. Nossas pesquisas já apontam que poucos meses após o corte a diversidade de formiga é afetada”, afirma o professor.
O professor Rodolfo Molinário ainda afirma que mesmo com os planos de manejo florestal sustentável, se há ação do homem ainda assim haverá impactos na região, onde a diversidade de insetos na vegetação nativa ainda será superior aos da área que sofreu com os impactos, e ainda haverá o aumento de espécies consideradas como bioindicativos de má qualidade ambiental.
“Mesmo que seja um manejo florestal sustentável, se há ação humana, ainda haverá impacto. Obviamente a diversidade na vegetação nativa é superior a diversidade na vegetação que foi suprimida. Agora, nós estamos acompanhando essa evolução, será que com o tempo a gente consegue uma reestruturação nessa comunidade de formigas, para que se assemelhe a nativa? Logo no início do corte, nós percebemos um distúrbio nas comunidades, onde nós já conseguimos perceber predominância de algumas espécies que são bioindicativos de má qualidade”, continua.
O aluno do curso de Agronomia, Daniel Marques, está produzindo um artigo com os dados já coletados da pesquisa. A pesquisa fornece bioindicadores da qualidade ambiental, que podem ser úteis para avaliar a qualidade das ações de exploração na região.
“Além disso, percebe-se que o manejo traz impacto para essas comunidades de formigas o que pode incentivar medidas de menor impacto na colheita florestal, agregando valor para a madeira colhida, pensando numa certificação ambiental. Isso pode estimular a geração de emprego e o fomento do setor florestal na região”, diz Daniel.