O Jornal O Dia conquistou, na última sexta-feira (24) mais um prêmio de jornalismo. Desta vez o primeiro lugar foi no concurso promovido pela Associação dos Defensores Públicos do Piauí (Apidepi) com uma matéria veiculada no dia 12 de abril deste ano. Intitulada “Menores infratores: da vulnerabilidade ao crime”, a matéria conta a história de jovens enquadrados dentro do sistema socioeducativo do Piauí, observando a realidade deles e ouvindo especialistas para debater como e porque esses adolescentes entraram para o mundo do crime.
Leia a matéria vencedora do prêmio:
Menores infratores: da vulnerabilidade ao crime
Adolescentes são incluídos pela violência e excluídos pela sociedade
A matéria é de autoria da repórter Glenda Uchôa, com edição de Virgiane Passos, fotografia de Jailson Soares e diagramação de Glauber Calland e Lidiane Oliveira. A pauta, segundo Glenda, foi concebida da vontade de debater a violência, olhando de onde ela tem começado e entendendo quem são os primeiros agentes que a praticam. A repórter percorreu os três centros de internação socioeducativa do Piauí (Centro Educacional Masculino, Centro Educacional Feminino e Centro de Internação Provisória) para escutar esses jovens em conflito com a lei e compreender o que os levou a entrar no mundo do crime.
“A gente saiu vendo histórias muito parecidas. Ficou claro que o menino que vai para o crime, ele não vai porque é ruim, mas são contextos sociais. Eles são de famílias que estão em situação de vulnerabilidade, não têm perspectiva de estudo nem de emprego e acabam padecendo como uma parcela da população excluída e muito esquecida pelo próprio estado e por nós da sociedade como um todo”, afirma Glenda.
Glenda Uchôa apurou e escreveu a matéria ganhadora do concurso de jornalismo da Apidepi – Foto: Arquivo O Dia
Na reportagem, ela destacou o desafio que o defensor público enfrenta para tentar garantir e proteger os direitos desses jovens. “É um trabalho corajoso, porque as pessoas têm aquela ideia de ‘ah, está defendendo bandido? Pois leva pra tua casa’”. Os profissionais que entrevistei até discutiram isso, que não é defender bandido. É um trabalho de transformação social que só ocorre se a gente der garantia e acesso a esses direito para todos”, finaliza a repórter.
“Não é fácil fazer foto de uma criança chorando”
As imagens que ilustraram a matéria vencedora do prêmio são de Jailson Soares. Repórter fotográfico do Sistema O Dia, Jailson já coleciona dez prêmios no Piauí e contou da desafio na hora de fazer as fotos dos entrevistados. “Tive que ter cuidado pra conseguir mostrar a sensibilidade da situação, mas de uma forma que não identificasse ninguém. Isso mexeu muito comigo, porque eram praticamente crianças ali e não é fácil fazer foto de uma criança chorando. É triste você ver um menino numa situação daquelas porque entrou no mundo do crime. Você fica pensando ‘poxa, ele poderia estar na escola, estudando, mas não’. Passar esse sentimento nas fotos, sem expor ninguém foi um desafio”, explica o fotógrafo.
“A pauta exigia um olhar despido de preconceitos”
Virgiane Passos, editora da reportagem, também comentou o desafio que foi pensar a pauta de modo a executá-la e levá-la ao leitor com sensibilidade e ser pré-julgamentos. Revisar e distribuir o texto e as fotos de forma a valorizar a matéria foi muito mais delicado com o tema tratado. “A sensibilidade da repórter é indiscutível e pauta exigia isso, um olhar despido de preconceitos e nós conseguimos traduzir isso bem”.
A editora destacou também a afinidade entre repórter e fotógrafo, que, segundo ela, foi essencial para que tudo se encaixasse perfeitamente tanto na construção do texto, quanto na distribuição do conteúdo na página.
Fonte Portalodia.com Por Maria Clara Estrêla