O estudo foi coordenado pelo pesquisador do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) Rodrigo Moreira.
Publicado na revista PLOS Global Public Health, um estudo de pesquisadores da Fiocruz indicou que as tendências de mortalidade no Brasil, mesmo com a exclusão de óbitos por Covid-19, tiveram um aumento no período entre 2020 e 2022. A investigação das possíveis causas apontou que a média de mortes por diabetes mellitus e hipertensão arterial sistêmica ficou acima das taxas globais, em um comparativo de dados de mortalidade entre os anos de 2015 a 2019 e 2020 a 2022.
O estudo foi coordenado pelo pesquisador do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) Rodrigo Moreira e teve os cientistas Leonardo Bastos e Antonio Pacheco como co-autores, ambos do Programa de Computação Científica da Fiocruz (Procc/Fiocruz). O levantamento também contou com a colaboração de pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas e da Universidade de Montreal (Canadá). Os dados de mortalidade utilizados são provenientes do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), disponível no DataSUS. Os dados populacionais, por sua vez, foram obtidos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) por meio do Sistema IBGE de Recuperação Automática (Sidra).
Com o título Persistência de altas taxas de mortalidade por Diabetes Mellitus e Hipertensão após exclusão de mortes associadas à Covid-19 no Brasil, 2020–2022, o artigo aponta que, em um total de 11.423.288 mortes registradas no país no período avaliado, as taxas de mortalidade permaneceram estáveis até 2019, mas tiveram um aumento acentuado em 2020 e 2021. Houve uma diminuição em 2022, mas ainda assim não como o nível anterior. Ao desconsiderar os registros de óbitos por Covid-19, a pesquisa apontou que as tendências de diabetes mellitus, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares apresentaram aumento entre 2020 e 2022, embora de forma mais suave.
De acordo com a pesquisa, o crescimento para diabetes mellitus e hipertensão arterial sistêmica começou nas faixas etárias mais jovens (0-19 e 20-29, respectivamente). No geral, as taxas de mortalidade ajustadas foram, respectivamente, 9% e 24% mais elevadas em 2020 e 2021 em comparação com 2015 a 2019, enquanto em 2022 foram 2% mais baixas.
Em relação às doenças cardiovasculares, a pesquisa mostrou que as taxas tiveram o mesmo padrão das taxas globais – um aumento nos anos de 2020 e 2021 e retorno a níveis mais baixos em 2022. “A pandemia teve um impacto duradouro nas taxas de mortalidade por essas enfermidades e os números analisados enfatizam a necessidade de atenção contínua à gestão e prevenção dessas doenças como parte das estratégias de saúde pública, durante e após a pandemia”, reforçaram os responsáveis pelo artigo.